Em menos de uma semana uma cachoeira de chorume invadiu as
redes sociais buscando basicamente encontrar razões para entender por que as
mulheres continuam solteiras.
A culpa é sempre do
outro. Ou sempre da gente. Sempre tem culpa. E há culpa por não ter
relacionamento! Há culpa por não ter relacionamento?
E aí surge um, outro, mais um e mais outro texto escrito por
uma mulher sobre mulheres independentes que – talvez só as autoras não tenham
percebido – falam de como dependem totalmente de "desencalhar" pra se
sentirem completas.
(Não acho justo tratar somente como mulheres,
visto que os homens querem tanto quanto ou mais. A questão de tratar o
relacionamento como prêmio, benção ou dádiva não é mérito somente delas. E
você, amiguinho homem que acha que estou falando bobagem, tem como dever de
casa tentar dia a dia ser mais sincero com você mesmo).
Entre tudo isso, a dúvida que tenho é: Será que a gente é tão
pouco assim pra considerar como o momento máximo das NOSSAS vidas somente
aquele que é dividido com outra pessoa?
Não tem problema nenhum em você querer um relacionamento. Mas também não tem problema nenhum em você NÃO QUERER um. O problema está no fato da sua felicidade DEPENDER disso. Ou em se cobrar a postura segura e convicta de que não precisa de relacionamento para ser feliz.
Não tem problema nenhum em você querer um relacionamento. Mas também não tem problema nenhum em você NÃO QUERER um. O problema está no fato da sua felicidade DEPENDER disso. Ou em se cobrar a postura segura e convicta de que não precisa de relacionamento para ser feliz.
E aí fala-se tanto em como os relacionamentos são
descartáveis em tempos de Tinder, na geração de pessoas assim ou assado, etc.
Será que não tem nada, nadinha a ver com o fato de colocarmos os
relacionamentos num pedestal? No fato de considerarmos que a responsabilidade
da nossa felicidade está na mão de outra pessoa? De sermos inseguros (e
considerarmos essa insegurança como desvirtude) a ponto de tentar preencher
esse espaço com alguém que “nos completa”? Será que a gente realmente
considerava melhor no tempo em que as pessoas casavam por convenção (ou
obrigação) e tinham que permanecer casados até o final da vida porque a cultura
da época era essa? “Ah, mas meu avô...” Seu avô e sua avó talvez fossem uma
exceção. Quantos outros casais da época tem todo esse relato de felicidade?
“Ah, mas no tempo da minha avó as pessoas se esforçavam mais...”. Sim, visto
não tinham outra opção. E também toleravam traições constantes, se desgastavam
mais e tinham uma vida frustrada e infeliz.
Os tempos são outros. As pessoas tem outros parâmetros,
outros interesses. E – graças a Deus – Existe liberdade pra gente não ter que
ficar onde a gente não quer ficar. Não existe receita pra duas pessoas darem
certo pro resto da vida. Se existisse, não tinha mais gente solteira no mundo. Ou
teria, vai saber...
Deixa rolar, gente. Se gostem. Se curtam. Curtam a própria
companhia. Se amem. É clichê? É. Mas o que na vida não é?
E mais: quem foi que disse que a gente tem que saber tudo e ser
sempre seguro de si? A gente erra, se frustra e isso não mata ninguém.
Cada fase da vida é única e o que mata mesmo é quando a gente
não sabe se respeitar, respeitar cada uma delas e principalmente respeitar a
própria história. A gente é o somatório de muita coisa pra ficar bitolado em
uma única situação.
Estar apaixonado é ótimo. Ser correspondido então, nem se
fala. Estar com quem a gente ama não tem preço. Mas considerar isso como “TUDO”
é desconsiderar a nossa própria capacidade de ser mais do que um eterno
adolescente desesperado e despreparado para a vida.
Tenho medos? Muitos. E tomara que eu os tenha por toda a vida.
Gosto de alguém? Sim, muito!
Dói quando a gente não é correspondido? Sim.
Vou morrer? Sim. Um dia todo mundo vai, mas não vai ser por causa
de um amor não correspondido.
Eu entendo muito bem o quanto isso mexe com a gente, o quanto
isso nos afeta e pode derrubar. Mas dá pra reagir diferente. Aliás, aprender a
reagir de forma menos adolescente às coisas é uma das dádivas que o tempo nos
traz. A gente fica menos imediatista, mais paciente, mais sereno...
A verdade é que a gente é criado com a mentalidade da
dualidade. De que só existe bom e ruim. De que ou é preto ou é branco. De que número
par é a lei. De que o Romeu era a alma gêmea da Julieta. De que temos almas
gêmeas e somos metades. Mas, e se você juntar metade de um quadrado e metade de
um círculo, que figura forma?
Algumas vezes, duas metades não são nada além do que duas
metades.
Ótimo! É a geração das ideias prontas e as pessoas com preguiça de se imporem sobre os próprios sentimentos, a ponto de deixarem que os outros decidam o que elas precisam pra ser felizes (porque uma reportagem disse o que é vital para a pessoa).
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