sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Algumas perguntas sobre sexo

        Recebi por Whatsapp algumas fotos de uma moça fazendo sexo com o namorado através de amigos. Fiquei em choque porque tenho lido e comentado tanto sobre o assunto nos últimos dias que não imaginei que alguém da minha rede de amigos compartilharia algo do tipo comigo. Impossível ignorar e não começar a me questionar qual era o papel das pessoas que continuam divulgando estas fotos. Não eram as fotos de nenhuma das moças que cometeram suicídio, mas e se fossem? Somos parcialmente culpados? O culpado é somente o namorado? Se não, de quem é a culpa? E se você amigo leitor, por acaso ainda é do time que diz que a culpa é dela que deu mole, pare a leitura aqui e vá saborear o seu capim em outro canto!

           O cara que faz esse tipo de coisa é um babaca, de fato! Quebrar o código de confiança com a namorada, amante, ou o que quer que a moça seja dele é uma atitude desleal e deslealdade é infinitamente pior do que infidelidade. Independente do lado que venha, do tipo de relacionamento e dos gêneros envolvidos. E além de deslealdade, isso é crime!
       Quando você vai lá naquela aba "amadores" no Xvideos, pra dar aquela aliviada na tensão do dia, você provavelmente não lembra que o cara é um babaca, que o código de confiança do casal foi quebrado, da deslealdade, muito menos que a moça que você está assistindo pode ter morrido por não ter aguentado a repercussão deste vídeo. Mas você não é corresponsável por isso pelo fato de assistir ao vídeo (e prestar a sua singela ~homenagem~), muito menos por compartilhar os vídeos e fotos no Whatsapp com os seus amigos, mas é culpado sim por reforçar a ideia repugnante de que mulher que gosta de sexo, tem fantasias (como a de se deixar filmar ou fotografar) e é sexualmente livre é vagabunda. E isso não vale só para os homens, vale também para aquelas que gritam aos quatro cantos o quanto são livres, mas adoram chamar AZinimigas de vagabunda por uma atitude ou outra. 
         Todavia, os problemas são tão engraçados quando não acontecem perto da gente, né?! É tão normal fazer chacota da ~vagaba~ que fez foto ou vídeo fazendo sexo com o namorado ou com quem quer que seja, mas e se a ~vagaba~ em questão for a sua irmã? Ah, mas a sua irmã nunca faria uma coisa dessas, isso é coisa de puta e sua irmã não é puta. Aliás, mulher que gosta de sexo é puta, porque sexo é coisa de puta. Sendo assim, quando sua irmã for te dar sobrinhos, obviamente serão todos obra do divino!
       Mamãe e papai não te explicaram? Tio Tiago explica. Você tem todo o direito de fazer sexo com homens, mulheres, transexuais, bonecos infláveis, anões travestis fantasiados de Gretchen com uma cinta-piroca de borracha de 23cm e até com pôneis (malditos ou não) e pode até filmar, desde que todos os envolvidos estejam de acordo (inclusive os pôneis ou os donos), porém você tem que estar ciente de que sexo é entrega, é intimidade, exige confiança e traz consequências. Com registro visual então, nem se fala. E só pra constar: papai e mamãe deveriam te dizer tudo isso, além de deixar bem claro que estarão do seu lado caso alguma coisa fuja do controle mesmo assim.
    Em duas semanas, duas jovens se suicidaram por não aguentar a pressão e as consequências da divulgação das imagens e vídeos. Nessa mesma semana um casal de meninos fez um “pacto” de suicídio onde um ajudaria o outro a morrer porque os pais não aceitavam o relacionamento dos dois. Apenas um dos meninos morreu.

Vi uma matéria que dizia na manchete: " Dois casos recentes de suicídio entre jovens abrem a possibilidade de discussão do assunto entre pais e filhos”. É sério mesmo que pessoas precisam morrer pra que os pais possam dar orientações e consigam conversar com seus filhos sobre sexo, sobre consequências, sobre apoio e suporte emocional? Que mundo é esse? Pais: Seus filhos não acreditam mais que vieram da cegonha! Filhos: Seus pais com certeza já tiveram bem mais aventuras sexuais que você! Conversem!!!Somos analfabetos sexuais. E por que? Porque sexo ainda é tabu. Em pleno 2013 vejo gente ficar vermelha por falar de sexo, de masturbação e fantasias sexuais. Gente que julga pela quantidade de parceiros que o outro já teve, pelas fantasias que já realizou e que quer realizar. Se frequentar sexy shop, então, cruz-credo!
Um conselho: Transem mais e julguem menos! 



terça-feira, 19 de novembro de 2013

Algumas coisas sobre marombeiros, barrigudos e generalizações



Não estou generalizando, mas todo mundo generaliza. A não ser quem é contra generalizações. Mas aí é porque odeia quem generaliza. Não estou generalizando, mas todo mundo que não é “X”, odeia “X”. Se gostasse de quem é “X” era “X” também. Se não é, é porque odeia. E que fique claro eu não estou falando da Xuxa. Que, inclusive, sempre adorou uma generalizaçãozinha quando chamava todo mundo de baixinho.
Tenho lido algumas coisas nos últimos dias que expressam perfeitamente essa ideia (novamente, não estou falando da Xuxa). Então, mais cedo me deparei com o clássico texto humorístico da rede "Namore um barrigudinho", que já havia lido há alguns anos. Na época eu tinha uma certa barriguinha saliente e achei o texto incrivelmente bom, a ponto de até me sentir representado por “defender” os barrigudinhos, confesso. Hoje sob outra perspectiva (porém, com a mesma saliência abdominal) não me sinto mais representado, nem mesmo com #régitégui.
O texto inicia com um ~ conselho valioso ~ a quem acabou de conhecer um rapaz, ficou com ele algumas vezes e já está começando a imaginar o dia do seu casamento e o nome dos seus filhos...”. Nesse momento tive que parar e respirar para enfim ler o conselho, que infelizmente, não era para este (a) leitor (a) procurar um (a) analista e sim conferir como era a barriga do rapaz em questão. Continuo preferindo acreditar que o texto é realmente uma brincadeira.
Em resumo, o texto que visava incluir na lista dos pretendentes ideais aqueles que não se encaixavam no padrão de beleza fitness, - como a maioria das tentativas desesperadas de defesa de ideias - somente desqualifica e reforça o estereótipo preconceituoso do marombeiro fútil e superficial, que tem uma “barriga tanquinho” e não se importa com nada além da aparência, tira a camisa na balada pra mostrar o corpo, implica com tudo o que os outros comem e é o pior vilão da raça. Como se o gosto por “X” significasse se interessar somente por “X” e ter unicamente “X” como objetivo. Como se as pessoas fossem pacotes fechados e fosse impossível fazer combinações diferentes do que o padrão criado determina, tipo planos de telefonia, que alias, são os verdadeiros malvados.
Obviamente, aqui não defendo um tipo ou outro, apenas critico novamente a criação das ideias predefinidas e rótulos, mesmo que muitas vezes os “rotulados” atendam rigorosamente a todos os requisitos que garantiram este.
Mas fazendo uma análise: Se o marombeiro fútil e superficial tem definido o objetivo de transformar o próprio corpo, planeja ações para isso, pode mensurar essas mudanças em um determinado prazo, tem foco a ponto de mudar radicalmente sua rotina e tem disciplina o suficiente para alcançar resultados visíveis do seu esforço ele já é diferente da grande maioria das pessoas, que muitas vezes para na parte de definir o objetivo. Não querendo generalizar.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Diferenças Iguais - Mais um texto que agrega valor (ou não)

Relutei pra assistir o tal vídeo do Rei do Camarote porque sabia que não me surpreenderia com o conteúdo, visto que é o mesmo que acontece diariamente nas redes sociais. E não, não estão formando camarotes online, criando ~usuários premium~ ou algo do tipo. Com exceção do Obama, todo mundo continua tendo o mesmo acesso. Mas a questão latente de todo o vídeo e do comportamento geral na rede é uma só: a necessidade de ostentação.
Ostentação - S.f. Ação ou efeito de ostentar; afetação na maneira de exibir riquezas ou dotes; alarde de ações ou qualidades.
Há uma carência generalizada e uma dependência tão desesperada pela aprovação da maioria que chega a ser comovente. Desde as inúmeras trocas da mesma foto do perfil em busca de mais likes, check-in’s que clamam pela percepção de que “você realmente aproveita a vida” e até as fotos felizes no ~camarote~ que tentam, a todo o custo, demonstrar o quanto você superou aquele relacionamento difícil que terminou a pouco. Criamos alguns parâmetros e padrões comportamentais tão nítidos dentro e fora da rede que compreender as intenções e tudo o que está por trás de cada atitude ou postagem não é tarefa lá tão difícil. Como já dizia o pai da psicanálise, Sigmund Freud: Aquele que não fala com os lábios, fala com as pontas dos dedos: nós nos traímos por todos os poros”.
Há algum tempo li um texto em outro blog, que levantava um questionamento, no mínimo, interessante: A conquista vale se todo mundo não ficar sabendo? E levando esse questionamento um pouco mais adiante, além da “esfera social”, o que diferencia o tão criticado rei do camarote da maioria de nós?
O fato é que tentamos nos colocar em evidência e criar singularidades pra mostrar que somos diferentes da maioria e acabamos fazendo o mesmo que a maioria faz, quando tem o mesmo objetivo. Vejo tantas singularidades-padrão que já não sei se eu sou mais um igual no meio dos diferentes ou mais um diferente em meio aos iguais. Existe uma aversão absurda a tudo que é comum, acessível e que agrada as massas. Acho essa aversão interessante. Principalmente quando representada por críticas com os mesmos argumentos que tantos outros já usaram e que, sem perceber, formam uma nova massa composta por pseudo-intelectuais, que repetem os mesmos comportamentos, tem os mesmos gostos musicais, são influenciados pelos mesmos fatores e tem as mesmas singularidades que tantos outros “críticos de mundo” tem em sua nobre missão de enlatar e estereotipar todo o tipo de pessoa que segue o pensamento contrário ao seu.
Aí temos um visual incomum, escutamos um tipo de música incomum, pregamos conceitos incomuns, fugimos de tudo que remete a comportamento e pensamento da grande maioria e acabamos todos num bar alternativo encontrando pessoas igualmente alternativas. Mas somos pessoas bem diferenciadas, por isso estamos neste, ahm... camarote. O mundo não seria lindo se conseguíssemos entender que somos todos diferentemente iguais?
PS: Independente se o vídeo é verdadeiro ou não, o fato é que os ~reis do camarote~ estão por toda a parte, e novamente, tenho até amigos que são, rs.