É bobagem tentar elevar-se a altura de um deus ou a nobreza de um rei. Ser justo é uma questão de ponto de vista, pois justiça não um conceito único para todos. Ser essencialmente humano é a nossa sina por mais que tentemos fugir dela. Perdemos tempo demais tentando não ser o que somos com medo da reprovação alheia e principalmente da própria reprovação. Tentamos amenizar os nossos erros como se eles fossem fatais, definitivos e como se somente eles definissem quem e o que somos. Na verdade os erros são somente uma parte de nós. Uma parte inconseqüente ou imatura ou insegura ou tantas outras coisas que somos em um ou outro momento. Temos medo de sermos comuns e aí tentamos nos diferenciar uns dos outros da mesma forma que todo mundo usa pra se diferenciar. Como adolescentes que se vestem de colorido e escutam um falso rock para tentar ser “diferente” e acabam encontrando uma “tribo” de iguais na diferença (e aqui confesso sem medo algum que preferia a minha época quando nos vestíamos de preto e escutávamos rock de verdade). E tentando fugir do senso comum caímos ainda mais nele. Não há como fugir, seguimos padrões de comportamento, repetimos erros alheios, copiamos atitudes boas e ruins e a vida se torna uma repetição sem fim de aprendizados já aprendidos!
Hipocrisia é pensar que as perdas não nos afetam, que as dores não nos fazem sofrer, que e as conquistas não nos elevam e que elogios não massageiam nosso ego. Somos o que somos e é tão melhor assumir pra si próprio a condição de seres humanos, eternamente insatisfeitos, em algumas atitudes incompreensíveis, e na grande maioria das vezes imperfeitos. E que mal há nisso? E por fim, qual o problema em ser tão igual? Cada pessoa é diferente por si só, então qual o problema em seguir o senso comum algumas vezes?
Dizem que o conhecimento científico um dia foi apenas o senso comum, o conhecimento empírico passado de geração para geração que foi pesquisado, estudado, comprovado teórica e praticamente e por isso virou ciência. Assim como algumas superstições foram comprovadas e chamadas de fenômenos naturais após anos de estudo, afinal se houve uma “maioria de votos” não é à toa. Métodos tradicionais geralmente se tornam métodos tradicionais por terem o melhor resultado no curto e no longo prazo.
E quem sabe se um dia não se explica o fato de chover sempre que a mãe manda você levar o guarda-chuva e você não leva... Quem sabe um dia beber pra esquecer alguma coisa não vira uma ciência... Quem sabe se tentar ser prático não é ser adulto e realista e se nos permitirmos viver a condição humana com todas as imperfeições e erros não é o melhor caminho... Talvez a imperfeição nos faça ver o quanto a perfeição é chata e desinteressante e talvez a vivência do senso comum seja a maneira de ver que, não é preciso viver de forma brilhante, basta continuar vivendo mesmo com todos os percalços, pois isso já suficientemente brilhante, porque continuar já é a maior vitória de todas!
Tiago Giacomoni