sexta-feira, 29 de abril de 2011

Senso Comum

É bobagem tentar elevar-se a altura de um deus ou a nobreza de um rei. Ser justo é uma questão de ponto de vista, pois justiça não um conceito único para todos. Ser essencialmente humano é a nossa sina por mais que tentemos fugir dela. Perdemos tempo demais tentando não ser o que somos com medo da reprovação alheia e principalmente da própria reprovação. Tentamos amenizar os nossos erros como se eles fossem fatais, definitivos e como se somente eles definissem quem e o que somos. Na verdade os erros são somente uma parte de nós. Uma parte inconseqüente ou imatura ou insegura ou tantas outras coisas que somos em um ou outro momento. Temos medo de sermos comuns e aí tentamos nos diferenciar uns dos outros da mesma forma que todo mundo usa pra se diferenciar. Como adolescentes que se vestem de colorido e escutam um falso rock para tentar ser “diferente” e acabam encontrando uma “tribo” de iguais na diferença (e aqui confesso sem medo algum que preferia a minha época quando nos vestíamos de preto e escutávamos rock de verdade). E tentando fugir do senso comum caímos ainda mais nele. Não há como fugir, seguimos padrões de comportamento, repetimos erros alheios, copiamos atitudes boas e ruins e a vida se torna uma repetição sem fim de aprendizados já aprendidos!
Hipocrisia é pensar que as perdas não nos afetam, que as dores não nos fazem sofrer, que e as conquistas não nos elevam e que elogios não massageiam nosso ego. Somos o que somos e é tão melhor assumir pra si próprio a condição de seres humanos, eternamente insatisfeitos, em algumas atitudes incompreensíveis, e na grande maioria das vezes imperfeitos. E que mal há nisso? E por fim, qual o problema em ser tão igual? Cada pessoa é diferente por si só, então qual o problema em seguir o senso comum algumas vezes?
Dizem que o conhecimento científico um dia foi apenas o senso comum, o conhecimento empírico passado de geração para geração que foi pesquisado, estudado, comprovado teórica e praticamente e por isso virou ciência. Assim como algumas superstições foram comprovadas e chamadas de fenômenos naturais após anos de estudo, afinal se houve uma “maioria de votos” não é à toa. Métodos tradicionais geralmente se tornam métodos tradicionais por terem o melhor resultado no curto e no longo prazo.
E quem sabe se um dia não se explica o fato de chover sempre que a mãe manda você levar o guarda-chuva e você não leva... Quem sabe um dia beber pra esquecer alguma coisa não vira uma ciência... Quem sabe se tentar ser prático não é ser adulto e realista e se nos permitirmos viver a condição humana com todas as imperfeições e erros não é o melhor caminho... Talvez a imperfeição nos faça ver o quanto a perfeição é chata e desinteressante e talvez a vivência do senso comum seja a maneira de ver que, não é preciso viver de forma brilhante, basta continuar vivendo mesmo com todos os percalços, pois isso já suficientemente brilhante, porque continuar já é a maior vitória de todas!

Tiago Giacomoni

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Versões

Nós mudamos, nos reinventamos e fazemos “versões” de nós mesmos a todo o tempo. Cada uma dessas versões é de acordo com o momento que vivemos e por isso nenhuma versão fracassa, ela apenas não é permanente, pois o momento não é permanente. É injusto culpar alguma dessas versões por algum acontecimento. Tudo é parte da construção daquilo que somos e todas as versões são necessárias para sabermos no fim das contas qual delas “funciona” melhor. Cada momento de vida que temos é composto por um conjunto de objetivos, convicções, princípios, paradigmas e o principal: necessidades!
Temos uma necessidade diferente a cada momento e isso é o que define todo o resto. Acreditamos, pensamos e agimos de acordo com as nossas necessidades. A grande arte não está em mudar em si, mas sim em saber identificar as necessidades do momento em que vivemos, pois muitas vezes não julgamos corretamente, damos importância demais ao que é dispensável e não conseguimos perceber aquilo que realmente precisamos, e se eu tiver que arriscar um motivo, aposto no comodismo necessariamente alimentado pelo medo, e não é o medo que nos faz ser prudentes e sim o medo que nos retém. É como dizem: “a diferença do veneno e do remédio é a dose” e saber dosar feliz ou infelizmente não é a maior qualidade humana. Sem o erro não há o acerto e vice-versa. Todas as versões são necessárias!
Algumas vezes mudamos muito. Algumas vezes mudamos tanto que quase não se reconhece a versão original. Quase, a essência daquilo que realmente somos permanece onde deve estar. É como um sucesso dos anos 80 regravado por diversos artistas. Muda-se o arranjo, muda-se o intérprete e até o ritmo, por vezes mais calmo, por vezes agitado... E quantos sucessos do rock não se tornaram canções suaves e até mesmo românticas? Comparações a parte, música boa é música boa em qualquer versão, mas quando você acha a versão que mais te agrada de uma música (e de si mesmo) é aí que você não para de escutar mesmo, ou pára, quando encontrar uma versão que agrade mais!

Tiago Giacomoni

terça-feira, 19 de abril de 2011

Sozinhos

Sozinhos. Há quem diga que iniciamos e terminamos a vida sozinhos. Detalhes a parte, passamos o intervalo procurando companhia. Não gostamos de ficar sozinhos e por isso precisamos do apoio, da companhia, somos uma espécie que precisa viver em grupos ou pares para sobreviver. E o que nos difere dos outros animais? A ilusória racionalidade? E onde está essa maravilha quando simplesmente tomamos decisões erradas, quando complicamos tudo aquilo que é simples e quando causamos danos nos outros e em nós mesmos?
O instinto natural de qualquer animal que vive livre é reproduzir, é atacar quando se sente acuado e procurar um grupo de semelhantes, não necessariamente nessa ordem. Vivemos livres, buscamos a reprodução (mesmo que só na tentativa, na busca pelo prazer) atacamos quando nos sentimos acuados e vivemos buscando um grupo, uma forma de não vivermos a sentença inevitável de estarmos sozinhos. Há um medo enorme dessa realidade, de conviver somente consigo mesmo e de encarar verdades que só se dizem para si próprio porque às vezes algumas verdades causam vergonha de si próprio. E esquecemos que somos humanos e que temos vícios, virtudes, erros e acertos. E esquecemos que somos também animais, e temos os mesmos instintos que qualquer outro animal livre... A diferença é que qualquer outro animal se machuca e aprende. Nós, nem sempre. A diferença é que temos a mania de pensar que pensamos. Pensar pode ser uma dádiva, ou uma praga, só depende do ponto de vista.
Viver é uma responsabilidade grande demais. Geralmente não gostamos de responsabilidade, fugimos dela e talvez por isso tenhamos tanta necessidade de não ficarmos sozinhos, pois, é mais fácil transferir a responsabilidade para outra pessoa do que sermos responsáveis por todos os nossos atos. E aí formamos justificativas que não justificam e tomamos decisões de mudança onde nada muda. Precisamos de parâmetros, precisamos de vida pra saber se tomamos a decisão certa, precisamos conviver para saber o que nos é lícito ou não. E não há nada de errado nisso desde que se viva com a consciência e com a responsabilidade de que todos os nossos atos geram conseqüências, já que vivemos em grupos. E no fim das contas, a vida em grupo é bem mais animada.

Tiago Giacomoni

domingo, 3 de abril de 2011

Mudanças

A mudança é inevitável. O mundo está em constante transformação. A nossa decisão nesse momento é nos adaptarmos a mudança, ou sucumbirmos a ela. Então, ou cumprimos os papéis que nos propomos a cumprir em todos os setores das nossas vidas, buscando mudar junto com o mundo, ou permanecemos em um casulo, tendo a falsa impressão (e ilusão) de que conseguimos adaptar o mundo a nós e não o contrário. Podemos mudar o mundo, mas precisamos mudar primeiro, e esse é o problema.
Nenhuma mudança acontece por acaso, sem antes ou depois. Ela é apenas mais uma das inúmeras conseqüências das nossas próprias atitudes, pois, tudo depende delas e por mais que pensemos que não temos o controle, nós temos. Sempre há alternativa, sempre há outra opção de escolha e outro caminho a ser seguido, é só observar, mas, obviamente, como tudo na vida, há exceções, o difícil é saber distinguir as coisas, porque a gente geralmente confunde tudo e acha que pode fazer mais ou que poderia ter feito mais em coisas que não dependiam ou dependem da nossa vontade, e acaba deixando de ter atitude para mudar aquilo que depende dessa atitude.
E tudo se transforma o tempo todo, porém, algumas coisas inevitavelmente permanecem onde deveriam estar, pois, por traz de toda a mudança, há pontos de vista, opiniões e formas diferentes de pensar e agir e por isso, por mais que alguma coisa sofra uma mudança extrema, essa mudança só é vista por nós se alterarmos o nosso ponto de vista, do contrário, as coisas podem mudar, mas se a nossa visão continua a mesma é como se a mudança não tivesse ocorrido, e aí corremos o risco de permanecermos estagnados em uma bolha, vivendo a utopia do mundo que gira ao nosso redor.
Algumas mudanças ocorrem rapidamente, outras demoram anos para acontecerem. O que realmente importa é o tempo da nossa adaptação, que é a parte mais difícil de toda a mudança. E nessa experiência sem volta que é a vida, o bom mesmo é viver tudo plenamente, é se adaptar rapidamente e aproveitar cada fase, cada momento e cada coisa que não volta (a princípio), porque se as coisas não derem certo, a gente pode mudar, e quem foi que disse que mudança também não pode ser sinônimo de voltar ao que era antes da ultima mudança?
É tempo de mudança! Sempre é tempo de mudança!

 Tiago Giacomoni