Desde
que o mundo é mundo sabe-se que uma ameaça pode tornar-se uma oportunidade e
vice-versa. Com o perdão da hermenêutica simplória e talvez pouco embasada, vejo
tudo de forma muito clara. Tanto os problemas, quanto as soluções. A barreira
são os interesses, também desde que o mundo é mundo.
“O
despertar do gigante” trouxe de volta o sentimento de patriotismo da grande
massa e a conscientização da necessidade de mudança esquecidos há muito tempo e
talvez estas tenham sido as únicas coisas boas até agora. O que conseguimos de
concreto? A redução (mínima) de valor de uma tarifa absurda paga para um
serviço que, nem de longe, é ideal? Reivindicamos mudanças em caráter
emergencial, recebemos propostas de mudança descabidas e duvidosas.
Uma
consulta popular através de plebiscito - ao que tudo indica tendencioso – para
promover uma reforma ELEITORAL (eleitoral e não política, como pedimos) que só
propõe mudanças na lei eleitoral, não interferindo no atual sistema e não trazendo
mudança imediata alguma.
A
nossa presidenta tenta colocar goela a baixo que a vinda de médicos do exterior
é a solução para o problema do caos na saúde, como se não houvesse nenhum
problema estrutural no meio do caminho. Fala-se do corporativismo da classe
médica, mas quem valida o próprio plano de carreira para ter um salário INICIAL
acima de R$ 15.000,00 (entre outros inúmeros benefícios) não é exatamente esta
classe. Pelo que entendo, a única exigência da classe médica é que os “colegas
importados” sejam submetidos a uma avaliação para atestar que todos estão aptos
a prestar um serviço de qualidade à população, o que não deveria ser um problema,
pelo contrário, esta deveria ser a preocupação do Estado, considerando-o como
Instituição responsável por governar para o bem comum em todas as suas
atribuições.
Propõe-se
destinar royalties do petróleo para a educação e saúde. Propõe-se um recesso e
adiamento da votação do que poderia fazer alguma diferença em curto prazo. Não
preciso dizer qual das duas propostas foi aceita, sem discussões.
E
as vozes das ruas vão ficando roucas, enquanto temos propostas eleitoreiras e
soluções paliativas com efeito de Rivotril para gigantes.
Mas
o importante é que saímos bem na foto nos protestos. Com, ou sem Instagram.