quinta-feira, 19 de abril de 2012

Segurança


Somos animais. Racionais, mas ainda animais. Agimos por instinto. Prive um grupo de pessoas de suas necessidades básicas como, por exemplo, comida e água e observe a selva se formar em uma perfeita representação de uma cadeia alimentar. O instinto de sobrevivência se torna absolutamente mais forte do que quaisquer conceitos de ética ou respeito.
As necessidades nos movem, nos fazem tomar atitudes boas ou ruins em busca daquilo que precisamos naquele momento. Podemos desejar muito alguma coisa e não precisar dela assim como podemos precisar de algo que não desejamos. A segurança é um bom exemplo disso. Precisamos de segurança, mesmo que algumas vezes a gente deseje o incerto. O incerto pode não vir, o incerto não paga contas, o incerto pode não estar lá quando a gente precisar. Mas é aventura, é o frio na barriga e é o desejo. O incerto geralmente atrai e encanta, enquanto a segurança pode significar muitas vezes a mesmice, a rotina, o emprego chato, mas mesmo assim, nos sentimos confortáveis com ela. É bom se sentir seguro. Nos sentimos perdidos sem segurança.
Nem sempre o caminho seguro é o correto. Muitas vezes o incerto é mais estável ou tem melhores resultados do que o aparentemente seguro. É uma questão de arriscar e conhecer os dois lados para decidir. Dizem por aí que a gente não pode ter tudo. O que a gente esquece é que a segurança é utópica, tudo está, nada é e o que hoje está pode não estar amanhã, ou daqui meia hora. São apenas possibilidades. Mas a questão é: está aqui, agora e continua sendo a segurança, enquanto o incerto continua sendo apenas incerto, e assim deve ser porque quando o incerto se torna o seguro, perde o brilho e nós perdemos a opção de algo incerto pra arriscar caso o seguro não seja o suficiente.
Tiago Giacomoni

terça-feira, 17 de abril de 2012

Power Rangers

Tenho pensado muito sobre escolhas, relacionamentos, opções e todas as coisas de “gente grande” que uma hora ou outra a gente acaba se obrigando a pensar e quanto mais eu penso mais sinto saudades do tempo em que minha única preocupação era se os Power Rangers iam vencer ou não (e eles sempre venciam, mesmo quando vinha aquela legenda escrito “continua...”).
Pensei, repensei e pensei novamente sobre as escolhas que fazemos, sobre nos valorizar e sobre não se conformar com algumas situações ou atitudes e no fim de tudo vejo a covardia que a maioria de nós tem em embasar erroneamente a desistência de algo com a atitude não conformista. Acredito que se conformar com algo é o que fazemos quando não temos escolha. Conformamos-nos com a morte porque não há outra opção, é o fim e pronto. Sempre temos escolhas e opções, mas entre uma coisa e outra temos medo. Medo de perder, medo de não dar certo, medo de ser comum e nesse medo da comodidade da maioria dos relacionamentos é o que me assusta mais. Percebi que acomodar-se é também uma opção e não uma regra e que o conformismo com algo que talvez não seja o que merecemos, talvez não seja conformismo, mas sim o ato de tentar fazer acontecer de uma forma que possibilite um futuro da forma como queremos. Acabei descobrindo que um relacionamento é muito mais que conformismo, comodidade ou falta de opção, conheci o lado bom e ruim de ficar solteiro. Não conheci muito sobre o de ter um relacionamento, mas pelo pouco que vi acredito que as pessoas devem enfrentar as dificuldades juntas, por isso vivemos aos pares. Até sozinhos vivemos aos pares, quem não tem um amigo de estimação com o qual pode desabafar, fazer farra e contar nos melhores e piores momentos? É sempre mais fácil ser “gente grande” quando tem alguém ao lado pra lembrar que a gente cresceu e fazer o mesmo pelo outro é maravilhoso porque a gente cresce junto de forma mútua. Possivelmente, eu não seja a melhor pessoa do mundo a falar sobre relacionamentos, mas acho que na maioria das vezes a gente pensa no depois quando deveria pensar no agora e pensa só no agora quando deveria pensar no depois. A gente embaralha tudo, se perde, se confunde e erra, graças a Deus, a gente erra!
Talvez o problema seja a forma como consideramos todas as nossas escolhas como definitivas. Cansei de dizer que nada é definitivo, mas agir como se as minhas escolhas fossem causar a 3º Guerra Mundial. Descobri que eu posso mudar de opinião, posso mudar de ideia, posso voltar atrás, mas o melhor de tudo é a gente não pensar tanto no que poder ser e sim no que hoje é. E se não der certo, é só a gente lembrar que, assim como no final de um episódio duplo dos Power Rangers, a vida tem uma enorme legenda escrito: CONTINUA...
Tiago Giacomoni

terça-feira, 10 de abril de 2012

Relacionamentos


Talvez eu não queira mesmo um relacionamento. A palavra compromisso me traz uma conotação de obrigação e não sou obrigado a nada, acho que a única obrigação que a gente tem é ser feliz e com nós mesmos. Talvez o meu medo seja o comum, o normal, a mesmice das coisas. Observar tanto as pessoas é o que me faz querer ser diferente. Será que ninguém enxerga o quanto se trai nas suas intenções de querer parecer bem e o quão ridículo é fazer coisas para parecer forte para a outra pessoa no final de um relacionamento ou para demonstrar todo o ódio e mágoas guardadas? O ódio ainda é uma maneira de estar perto, o oposto do amor que um dia se sentiu não é o ódio, é a indiferença.
Tenho medo da vidinha cômoda e sem perspectiva. Tenho medo da mesmice daqueles casais que namoram, casam, engordam 20kg e quando chegam aos 40 anos pensam que desperdiçaram vida, juventude e tempo com alguém que em algum momento foi bom o suficiente e agora não é mais. Essa é a questão, todo mundo sabe o futuro das coisas, mas mesmo assim, espera um romance daqueles de filme, onde as duas pessoas se surpreendem, se conquistam todos os dias, e o relacionamento é incrivelmente lindo e sem problemas. O problema é que a realidade é bem diferente.
Eu que defendo com todas as forças o fato da gente conseguir viver sozinho, de estar bem consigo mesmo, de cuidar de si mesmo, e encontrar sozinho, em si mesmo uma felicidade que não existe em nenhum outro lugar. Quando vejo aquelas pessoas que se apaixonam e mudam da noite pro dia, passam a postar, em redes sociais, coisas amorosas do tipo “amor infinito” ou “amor eterno” chega a me dar calafrios. Dá vontade de dizer: “vai com calma, a vida não é assim”. E não é que são essas mesmas que meses depois eu vejo postando indiretas para a outra parte envolvida devido ao término desse relacionamento? O problema é que as pessoas pensam que o amor é tudo e o amor definitivamente não é tudo em um relacionamento. Você pode amar muito uma pessoa a ponto de fazer tudo por ela, mas se ela não fizer o mesmo por você, uma hora você cansa. A verdade é que no “pacote”, deve existir amor, paciência, comprometimento, companheirismo e principalmente, criatividade. É claro que devem existir muito mais coisas e isso varia para cada pessoa, mas o fato é: o amor não é tudo! A não ser o de mãe e de pai, esse sim é tudo!
Me ver em uma situação contrária a tudo que acredito me faz não ser eu. Faz eu me perder de mim mesmo. Penso que ninguém precisa de outra pessoa pra ser feliz. As pessoas tem uma dependência quase que química por relacionamentos, por compromisso por namoro, por segurança, mas eu acredito que toda a segurança é utópica, ninguém pode prever nada, pois o mundo gira e muito!
 Aí surge aquela coisa de que ser fiel não é não ter atração por outra pessoa, é não fazer nada com outra pessoa porque se tem um compromisso com alguém. Mas aí eu penso: que porra de relacionamento é essa onde você só não fica com outra pessoa porque é obrigado? Cadê a vontade de estar com uma só? Cadê o empenho dessa pessoa para que você não queira nenhuma outra? Se relacionamento é fazer tudo por obrigação então quero meu dinheiro de volta! Dessa forma, parece-me que o relacionamento e o compromisso em si são componentes de uma viagem sem volta, onde não é possível voltar atrás, onde a obrigação é aguentar até as últimas consequências onde existe a solidão a dois e o respeito já ficou na última esquina! O pra sempre me incomoda, o estável me incomoda a ideia de ser uma coisa só e a mesma coisa sempre me incomoda, o mundo muda a todo instante, eu mudo a cada minuto, todos mudam a cada minuto.
Talvez a minha insatisfação seja só minha e de mais ninguém no mundo. Talvez eu é que seja o utópico numa contramão lotada de pessoas que se contentam com aquilo que todo mundo chama de “relacionamento normal”. Talvez eu pense demais e viva “de menos”, mas prefiro pensar agora e viver mais como eu quero do que parar um belo dia para pensar e perceber que vivi menos do que eu merecia.

 Tiago Giacomoni

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Necessidade II


Penso que tudo é válido em nossas vidas. Todas as experiências que temos, sejam elas boas ou ruins, geram parâmetros e esses parâmetros são o que diferenciam as coisas que nos servem ou não e é aí que a gente passa a ser criterioso o suficiente para deixar para trás aquilo que não é o suficiente para nós. Daí em diante, podemos ainda não saber o que queremos, mas com certeza sabemos o que NÃO queremos e isso, pelo menos por enquanto, já é o bastante!
Acho que isso ultrapassa a barreira do querer ou não querer, vai muito além, penso que essa questão fica na aba das necessidades. É preciso se valorizar o suficiente a ponto de aceitar somente aquilo que supre essa necessidade, porque, se contentar com alguma coisa é o mesmo que abrir mão de si mesmo. Com tudo que a gente vive, passa, sofre, cresce e aprende, é no mínimo injusto aceitar menos do que a gente merece. Quem define se a gente merece ou não? Nós mesmos, só nós sabemos o que cada coisa que passamos nos ensinou e o quanto doeu cada um desses aprendizados.
Tudo tem que ter meio termo. O extremo faz mal, mesmo que a gente diga sempre que é 8 ou 80, toda a regra tem exceção e muitas vezes todas as exceções que abrimos já até formaram uma regra. E a regra pra não viver sozinho no mundo usando a regra de não aceitar menos do que se merece é ter respeito, paciência e sinceridade, mas se mesmo assim as coisas não derem certo, a gente muda de novo, porque ser grande não é só tentar até as últimas consequências, ser grande compreende também saber se retirar quando as coisas tomam um caminho no qual não queremos continuar percorrendo.

Tiago Giacomoni