Talvez eu
não queira mesmo um relacionamento. A palavra compromisso me traz uma conotação
de obrigação e não sou obrigado a nada, acho que a única obrigação que a gente
tem é ser feliz e com nós mesmos. Talvez o meu medo seja o comum, o normal, a
mesmice das coisas. Observar tanto as pessoas é o que me faz querer ser
diferente. Será que ninguém enxerga o quanto se trai nas suas intenções de
querer parecer bem e o quão ridículo é fazer coisas para parecer forte para a
outra pessoa no final de um relacionamento ou para demonstrar todo o ódio e
mágoas guardadas? O ódio ainda é uma maneira de estar perto, o oposto do amor
que um dia se sentiu não é o ódio, é a indiferença.
Tenho medo
da vidinha cômoda e sem perspectiva. Tenho medo da mesmice daqueles casais que namoram,
casam, engordam 20kg e quando chegam aos 40 anos pensam que desperdiçaram vida,
juventude e tempo com alguém que em algum momento foi bom o suficiente e agora
não é mais. Essa é a questão, todo mundo sabe o futuro das coisas, mas mesmo
assim, espera um romance daqueles de filme, onde as duas pessoas se
surpreendem, se conquistam todos os dias, e o relacionamento é incrivelmente
lindo e sem problemas. O problema é que a realidade é bem diferente.
Eu que
defendo com todas as forças o fato da gente conseguir viver sozinho, de estar
bem consigo mesmo, de cuidar de si mesmo, e encontrar sozinho, em si mesmo uma
felicidade que não existe em nenhum outro lugar. Quando vejo aquelas pessoas
que se apaixonam e mudam da noite pro dia, passam a postar, em redes sociais,
coisas amorosas do tipo “amor infinito” ou “amor eterno” chega a me dar
calafrios. Dá vontade de dizer: “vai com calma, a vida não é assim”. E não é
que são essas mesmas que meses depois eu vejo postando indiretas para a outra
parte envolvida devido ao término desse relacionamento? O problema é que as
pessoas pensam que o amor é tudo e o amor definitivamente não é tudo em um
relacionamento. Você pode amar muito uma pessoa a ponto de fazer tudo por ela,
mas se ela não fizer o mesmo por você, uma hora você cansa. A verdade é que no
“pacote”, deve existir amor, paciência, comprometimento, companheirismo e
principalmente, criatividade. É claro que devem existir muito mais coisas e
isso varia para cada pessoa, mas o fato é: o amor não é tudo! A não ser o de
mãe e de pai, esse sim é tudo!
Me ver em
uma situação contrária a tudo que acredito me faz não ser eu. Faz eu me perder
de mim mesmo. Penso que ninguém precisa de outra pessoa pra ser feliz. As pessoas tem uma dependência
quase que química por relacionamentos, por compromisso por namoro, por
segurança, mas eu acredito que toda a segurança é utópica, ninguém pode prever
nada, pois o mundo gira e muito!
Aí surge aquela coisa de que ser fiel não é não
ter atração por outra pessoa, é não fazer nada com outra pessoa porque se tem
um compromisso com alguém. Mas aí eu penso: que porra de relacionamento é essa
onde você só não fica com outra pessoa porque é obrigado? Cadê a vontade de
estar com uma só? Cadê o empenho dessa pessoa para que você não queira nenhuma
outra? Se relacionamento é fazer tudo por obrigação então quero meu dinheiro de
volta! Dessa forma, parece-me que o relacionamento e o compromisso em si são
componentes de uma viagem sem volta, onde não é possível voltar atrás, onde a
obrigação é aguentar até as últimas consequências onde existe a solidão a dois
e o respeito já ficou na última esquina! O pra sempre me incomoda, o estável me
incomoda a ideia de ser uma coisa só e a mesma coisa sempre me incomoda, o
mundo muda a todo instante, eu mudo a cada minuto, todos mudam a cada minuto.
Talvez a minha insatisfação seja
só minha e de mais ninguém no mundo. Talvez eu é que seja o utópico numa
contramão lotada de pessoas que se contentam com aquilo que todo mundo chama de
“relacionamento normal”. Talvez eu pense demais e viva “de menos”, mas prefiro
pensar agora e viver mais como eu quero do que parar um belo dia para pensar e
perceber que vivi menos do que eu merecia.
Tiago Giacomoni