Quando
você começa a tocar violão você quer aprender muito em pouco tempo, quer logo
sair tocando e cantando todas as músicas que você gosta então você começa a
praticar incessantemente, se você realmente tiver paixão pela música. No
início, você começa a sentir muita dor na ponta dos dedos porque o atrito com
as cordas acaba machucando.
Primeiramente
a dor se assemelha a um corte e depois a uma assadura. Com o tempo, a prática e
o hábito a ponta dos dedos que fazem os acordes formam um tipo de “calo”
ficando mais ásperas e duras, o que diminui a dor até deixá-la praticamente
imperceptível por todo o resto do tempo que você tocar. A questão é: a dor
continua ali, a gente é que para de sentir tanto por ter se tornado resistente
a esse tipo de atrito, já que ele se tornou comum e existe uma “casca” que nos
protege de machucados maiores.
Assim
funcionam os nossos sentimentos. Assim como um músico que caleja os dedos de
tanto praticar e tocar, nós calejamos a nós mesmos com cada situação difícil
que passamos e conforme o tempo vai passando, formamos também uma barreira
protetora que não permite que os atritos sejam sentidos de forma tão brusca. Não
significa que a “dor” não exista, apenas que a nossa estrutura se tornou forte
o suficiente para suportá-la, até que ela se torne imperceptível.
Quando você
se apaixona verdadeiramente pela música e toca aquilo que realmente TE toca a
música te envolve de tal forma que você esquece até que tem dedos, mas não esquece
porque a ponta deles já não é mais igual a quando você começou a tocar. A grande
escolha está em: desistir porque a ponta dos dedos dói, ou continuar até que se
entenda que a dor faz parte do processo para que sejamos músicos melhores, que os
empecilhos são o que nos fazem forte e que música é muito maior do que qualquer
coisa desagradável que possa ter acontecido ao longo do caminho.
Tiago
Giacomoni