segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Mais um texto sobre clichês, pimentões e camisetas amarelas



Nos últimos dias eu comi pimentão e comprei uma camiseta amarela. A-ma-re-la. Eu nunca usei nada amarelo. Nem no réveillon. Talvez por isso eu não tenha ficado rico. E talvez eu também tenha feito mais coisas que habitualmente não faço, mas no momento não lembro pra elucidar melhor a questão toda.
Talvez daqui a pouco eu volte ao “normal” – se é que isso é possível – e eu volte a temperar a comida com os mesmos temperos de sempre e abandone a camiseta amarela. Mas a vida é assim, um dia você prova uma roupa amarela, se olha no espelho, odeia o que vê e nunca mais usa o dito do amarelo até provar de novo e gostar. Talvez algumas coisas precisem de mais de uma tentativa pra saber se dão certo ou não. Talvez seja necessário se entregar de verdade a esse conceito tão clichê de “se permitir” pra ver o que realmente vale a pena. Coisa chata esse negócio de “não pode”, “não dá”, “não faço isso”, “não faço aquilo”. Tentar não faz cair pedaço, não.
E ainda dentro dos meus “TALVEZES”, talvez esse seja o conceito de liberdade que a gente tanto procura. Experimentar, se permitir (sempre isso) e enxergar dentro de cada atitude, o prazer de se descobrir e redescobrir.
Ah, nos últimos dias eu também redescobri a minha paixão por café, que há tempos não tomava.
O clichê nem sempre é do bom, mas às vezes faz um bem...

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O problema das maiorias e as frigideiras antiaderentes



Todo mundo espera alguma coisa. E não é só de um sábado à noite. A maioria das pessoas espera um grande amor, mas essa mesma maioria tem muito medo de tentar. A maioria das pessoas deseja ter sucesso na carreira, mas reclama da segunda-feira e vibra com a sexta. A maioria das pessoas quer ter uma família daquelas de comercial de margarina, mas grita aos quatro cantos o quanto é feliz sendo solteira e chega a ter alergia quando o assunto é relacionamento. A maioria das pessoas quer ter dinheiro e viajar pelo mundo, mas ao invés disso gasta tudo em roupas e festas durante o ano e quando chega o período de férias vai pra casa daquela tia chata, só porque ela tem piscina.
E aí a maioria das pessoas que quer todas as coisas e não faz nada pra conseguir, um belo dia percebe que se contentou tanto por fazer escolhas erradas que o seu maior sonho é uma frigideira antiaderente. Nada contra essas pessoas. Muito menos contra as frigideiras antiaderentes, elas realmente são ótimas. Mas é preciso aprender com as escolhas erradas e não acumular frustrações. Querer mais e buscar mais não são coisas relacionadas somente a dinheiro ou bens materiais e sim a desenvolvimento, sonhos, conhecimento, experiências. E sim, é possível querer tudo isso e querer uma frigideira antiaderente também. O problema é que a maioria pessoas se contenta só com ela. O que a maioria não sabe ou não aceita é que tudo é consequência das próprias atitudes, porque a maioria ainda prefere se contentar e assumir o papel de vítima das circunstâncias a buscar de verdade aquilo que se quer, já que é mais fácil. E a maioria sempre vai pelo caminho mais fácil.
E você aí pensando que ser minoria é que é coisa triste.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Amor de padaria


Um café e um croissant quentes, por favor. Sim, um croissant. Não me atreveria a pedir amor pra vida, embora ache que seria ótimo ter algo com esse nome pra vender na padaria. Só pra pedir, assim, despretensiosamente: “Moço (a) eu quero um amor bem grande”. Já vendem sonhos em padaria, por que não amor?
Imagina que bacana servir amor em festa de aniversário, casamento, batizado e até de sobremesa no almoço de família de domingo. “O que tem de sobremesa, mãe?”. “Amor” – diria ela.
As pessoas poderiam dar uma caixa de amor de presente umas às outras.
Teríamos amor recheado, amor duplo, amor meio amargo e até amor light. Parecidinho com o de verdade, né?
É... O mundo seria um lugar bem melhor se tivéssemos mais amor. Nem que fosse doce de padaria. E quando respondessem: “O amor acabou”, buscar outro amor seria tarefa fácil, era só ir na próxima, ou passar no dia seguinte.
Alguém precisa inventar esse doce!
Eu sei, é um sonho. E não se fazem mais sonhos como antigamente. Nem mesmo os de padaria.
(Desculpem o ataque de fofura, acho que eu realmente preciso do café que ficou perdido lá no início do texto).
 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sob um céu de blues



Lembro de uma época em que me reunia com amigos pra beber vinho de garrafão e tocar violão (Sob um céu de blues) na rua até de manhã cedo. E não, não me envergonho disso. Só do corte de cabelo que eu usava e graças a uma força divina não tenho fotos da época. Mentira. Tenho, mas fiz questão de esquecer onde guardei.
O fato é que naquela época a maioria dessa turma ainda não trabalhava e alguns poucos e eu já, cada um pelos seus motivos. Uns pela ideia de independência, outros por precisar (como era o meu caso), outros porque os pais mandaram... Mas esta história é sobre a turma que não trabalhava. Turma essa que pedia “uns pila” para os pais pra colaborar na “vaquinha” do vinho. Turma essa cheia de convicções adolescentes, ideias revolucionarias e criticas prontas ao “sistema” e aos “burgueses que tinham dinheiro”. E, aliás, essas eram as únicas coisas que eles faziam: beber vinho, tocar violão e criticar um sistema que eles não entendiam. Eu também fazia tudo isso. E trabalhava. O que não me faz pior e nem melhor que nenhum deles.
Lembro também que depois de um tempo disseram que eu era um burguês que tinha dinheiro. Eu tinha o dinheiro que eu trabalhava pra ter e acreditem, era bem pouco. Ou seja, o pessoal que não trabalhava e pedia dinheiro para os pais pra fazer “vaquinha” pra comprar vinho de garrafão falava que eu – que trabalhava o dia todo pra não pedir para os meus pais dinheiro pra vaquinha do vinho de garrafão – era o burguês. Reflitam.
Sempre trabalhei porque acreditava (e ainda acredito) que a gente pode conquistar tudo àquilo que a gente deseja. O que não quer dizer que eu ache que o dinheiro é a coisa mais importante do mundo, nem que eu pense que o sistema é perfeito, mas sim que apesar do sistema ser uma porcaria a gente consegue correr atrás do que quer. Eu corri e pasmem, tem dado certo.
É impressionante ver como as pessoas não mudaram... São as mesmas pessoas fazendo os mesmos comentários sobre o sistema, sobre a política e sobre “os burgueses que tem dinheiro” como se “ter dinheiro” fosse errado e fosse pecado. O engraçado é que as mesmas pessoas, ainda estão nas mesmas condições, tendo as mesmas atitudes e o mesmo pensamento sem ao menos tentar ser diferente pra ver no que dá. Talvez eu também não tenha mudado, mas pelo menos o corte de cabelo já foi uma grande conquista.