terça-feira, 20 de março de 2012

Falta

           Não sinto falta do meu tempo de escola. Sinto falta de algumas pessoas. Poucas pessoas, mais exatamente. Preferia que algumas não tivessem existido. Algumas não existiram de fato. E por que eu deveria sentir falta? Eu tinha o cabelo separado no meio, dentes tão separados quanto o cabelo, usava um perfume que prefiro não mencionar o nome e nem sentir o cheiro enquanto eu ainda respirar! Ah eu tinha também bochechas enormes e um nariz maior ainda. Opa, isso eu ainda tenho, mas garanto que quem me acha feio hoje é porque não me conhece desde a infância!
Mas ainda assim, mesmo em um momento em que eu considero menos feliz do que eu sou hoje, lembro perfeitamente que me sentia feliz e achava que aquele era o momento mais feliz da minha vida até então e é o mesmo que sinto agora. Uma vez eu lembro que até disse pra um amigo, naquela mesma época que o momento mais feliz da nossa vida é e sempre deve ser aquele em que a gente vive. Hoje entendo melhor isso, porque nessa mesma época aprendi a nunca (mais) aceitar menos do que eu merecia, nunca (mais) me contentar com metades, com migalhas, com partes fracionárias e acho que por isso que desde então me lembro de que comecei a ser feliz e não parei mais, ou eu sou feliz da minha forma e pleno, ou me tranco no quarto, tiro um tempo pra mim e encontro algo inteiro pra me fazer sentir essa felicidade de novo. E por isso não sinto falta daquele tempo. Ou talvez eu sinta falta de algumas coisas, mas aquele perfume, definitivamente não é uma delas!
A questão de tudo não é sentir ou não falta, querer ou não esquecer algo, mas tudo que a gente passa é necessário. Todos os momentos tem um porquê e uma colaboração direta na nossa personalidade, mesmo que a gente pense que era desnecessário, algumas vezes o aprendizado dói, incomoda e o motivo demora pra deixar de incomodar, ou nunca deixa. Mas como eu acho que nunca e sempre são tempo demais, provavelmente na hora certa as coisas que nos incomodavam deixem de incomodar.